segunda-feira, 26 de maio de 2014
segunda-feira, 12 de maio de 2014
Relato do Encontro em 12/05
Nesta segunda-feira (12/05) realizamos mais um encontro, dando continuidade aos estudos e debates sobre o capítulo 01 de "Psicologia Pedagógica" de autoria de L.S. Vigotski.
Mais uma vez, no início do debate, voltamos a discutir sobre o contexto em que foi escrito o livro, ou seja, de uma Rússia revolucionária. Vigotski escreve o livro em um contexto de efervescência social total. Sua terra natal, que outrora era classista, hierarquizada e anti-semita, governada pelos Czares e por uma burguesia conservadora e tradicional, de repente se vê totalmente transformada e gestada pela própria classe trabalhadora. Os proletários promovem a maior de todas as revoluções sociais da história moderna e propõe a construção de uma nova sociedade sem classes. A proposta dos trabalhadores revolucionários era a construção de uma nova sociedade igualitária, horizontal e autônoma, com sujeitos livres e emancipados. Entretanto, fazia-se necessário também (e em paralelo) a construção de uma educação revolucionária, ou seja, uma nova educação como instrumento para auxiliar e promover a própria revolução em andamento. Vigotski, altamente engajado nesta luta revolucionária, propõe um curso em Gomel (sua cidade natal) para a formação de professores dentro de uma proposta de educação socialista. Daí surgem os escritos e a elaboração das aulas em forma de cadernos e apostilas, que ao final deram origem a este livro no qual estudamos hoje. As bases desta nova ciência pedagógica passam a ser o materialismo histórico e dialético de Karl Marx. O marxismo passa a ser o referencial para todos os estudos de Vigotski, onde a própria proposta de construção de uma nova psicologia seria a psicologia alicerçada na teoria marxista.
"A psicologia anterior, que considerava a psique de forma isolada do comportamento, não podia encontrar o terreno verdadeiro para uma ciência aplicada. Ao contrário, ao se dedicar a ficções e abstrações, ela sempre se divorciava da vida real e, por isso, era impotente para se tornar a fonte que daria origem a uma psicologia pedagógica. Toda ciência surge das demandas práticas e, em última instância, também se orienta para a prática. Marx dizia que os filósofos só tinham interpretado o mundo, e que já estava na hora de transformá-lo. Essa hora chega para todas as ciências." (VIGOTSKI, p. 43, 2003)
Foi discutido também as questões ideológicas envolvidas nas proibições das obras de Vigotski durante o regime stalinista e ainda os erros e mutilações envolvidos nas traduções de seus livros para o ocidente. Durante o período do regime stalinista, as obras de Vigotski foram todas confiscadas e muitas destruídas em virtude do decreto estatal de 4 de julho de 1936, que proibia a pedologia e também a atuação dos pedólogos na antiga União Soviética. Logo, por questões políticas e ideológicas as obras de Vigotski praticamente desaparecem da antiga União Soviética, voltando apenas durante a década de 1950 naquele país. No entanto, as traduções de suas obras chegam ao ocidente cerca de trinta anos depois desta data, onde vale ressaltar, o mundo encontrava-se dividido pela Guerra Fria (polarização do mundo entre capitalismo (EUA) e comunismo (URSS)). Tal polarização do mundo faz com que as traduções para o inglês (EUA) (das quais se originam as traduções para o português) sejam todas distorcidas e mutiladas de forma escandalosa e propositadamente. Mais uma vez, os escritos de Vigotski se tornam alvo de proibições e de perseguições, entretanto, agora de forma mais sutil e grosseira, ou seja, na forma de distorções e de mutilações de seus textos originais. No Brasil a editora Martins Fontes publica em 2001 a tradução do livro Psicologia Pedagógica feita por Paulo Bezerra, e que vem acrescido erroneamente por dois capítulos a mais, ou seja, absurdamente contendo 21 capítulos, sendo que a obra original continha apenas 19 capítulos ao todo. Já a publicação da editora Artmed (utilizada em nosso grupo de estudos) foi traduzida em português por Claudia Schilling a partir da tradução realizada pelo argentino Guilhermo Blanck em espanhol da primeira edição original russa.
Discutimos também sobre a grave crise em que a ciência se encontrava no início do século XX. As exigências e imposições dos métodos das ciências naturais eram as referências que deveriam legitimar as ciências humanas, inclusive a própria psicologia. As divergências e dicotomias entre psicologia empírica (baseada nos métodos das ciências naturais) e psicologia racional (cujos métodos eram baseados na especulação), ou ainda com outras denominações como ciência da alma ou ciência sem alma, continuavam e amplificavam a crise já instalada. Qual era afinal o verdadeiro o objeto de estudo da psicologia? Como desvencilhar da influência metafísica ou da religião? Seria possível estudar e conhecer a consciência humana de forma objetiva? Vigotski propõe as bases da nova psicologia pautadas no materialismo histórico dialético, tomando como ponto de partida os "velhos" conceitos da psicologia comportamentalista da época, dando-lhe novos sentidos e significados dentro de uma nova psicologia marxista, que não desconsideraria os aspectos biológicos, nem tão pouco negligenciaria os condicionantes sociais, econômicos e culturais.
"O primeiro passo distintivo da nova psicologia é seu materialismo, porque examina toda a conduta do ser humano como uma série de movimentos e reações que possui todas as propriedades de um ser material. Sua segunda característica é a objetividade, pois coloca como condição indispensável para suas pesquisas a exigência de que estas se baseiem na verificação objetiva do material. A terceira característica é o seu método dialético, que reconhece que os métodos psíquicos se desenvolvem em uma vinculação indestrutível com todos os demais processos no organismo e que estão subordinados exatamente às mesmas leis de desenvolvimento que regem tudo o que existe na natureza. E, finalmente a última característica é a base biossocial, cujo significado já foi definido" (VIGOTSKI, p.40, 2003)
Discutimos também sobre a grave crise em que a ciência se encontrava no início do século XX. As exigências e imposições dos métodos das ciências naturais eram as referências que deveriam legitimar as ciências humanas, inclusive a própria psicologia. As divergências e dicotomias entre psicologia empírica (baseada nos métodos das ciências naturais) e psicologia racional (cujos métodos eram baseados na especulação), ou ainda com outras denominações como ciência da alma ou ciência sem alma, continuavam e amplificavam a crise já instalada. Qual era afinal o verdadeiro o objeto de estudo da psicologia? Como desvencilhar da influência metafísica ou da religião? Seria possível estudar e conhecer a consciência humana de forma objetiva? Vigotski propõe as bases da nova psicologia pautadas no materialismo histórico dialético, tomando como ponto de partida os "velhos" conceitos da psicologia comportamentalista da época, dando-lhe novos sentidos e significados dentro de uma nova psicologia marxista, que não desconsideraria os aspectos biológicos, nem tão pouco negligenciaria os condicionantes sociais, econômicos e culturais.
"O primeiro passo distintivo da nova psicologia é seu materialismo, porque examina toda a conduta do ser humano como uma série de movimentos e reações que possui todas as propriedades de um ser material. Sua segunda característica é a objetividade, pois coloca como condição indispensável para suas pesquisas a exigência de que estas se baseiem na verificação objetiva do material. A terceira característica é o seu método dialético, que reconhece que os métodos psíquicos se desenvolvem em uma vinculação indestrutível com todos os demais processos no organismo e que estão subordinados exatamente às mesmas leis de desenvolvimento que regem tudo o que existe na natureza. E, finalmente a última característica é a base biossocial, cujo significado já foi definido" (VIGOTSKI, p.40, 2003)
PRÓXIMO ENCONTRO: 26/05 às 18h30 sala 12 UEG - ESEFFEGO
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